O modelo de assistência à saúde baseado em exames e internações foi debatido na mesa redonda sobre o aumento dos custos e o futuro da saúde privada, realizada nesta segunda (11), no 2º Forum a Saúde do Brasil, promovido pela Folha, mediado pela repórter especial Cláudia Collucci.
A cultura de realizar mais procedimentos para ter mais lucros e a crença de que a melhor forma de cuidar da saúde é usar a tecnologia foram apontados como causas importantes do alto custo da saúde no Brasil por Martha Regina de Oliveira, diretora-presidente substituta da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
"É preciso repensar o que significa resultado em saúde. Não é só a quantidade de procedimentos realizados", disse Oliveira.
Como exemplo, ela diz que, enquanto em países da Europa e América do Norte são realizados 40 exames de ressonância a cada mil pessoas por ano, no Brasil este número sobe para 80.
"É o dobro. Se pelo menos a gente tivesse os mesmos resultados em saúde, eu já estaria feliz."
Para Francisco Balestrin, presidente do conselho de administração da Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados), apontar este ou aquele setor da cadeia de serviços de saúde como causa do problema não leva a lugar nenhum.
Balestrin afirma que é preciso mudar o modelo de gestão com ações como a criação de redes, a partir de instituições hospitalares, que incluam desde assistência primária até os serviços de tecnologia. A reunião de diferentes instituições para a compra conjunta de medicamentos, diminuindo seu custo, foi outro exemplo de novas formas para gerir serviços de saúde citadas por Balestrin.
"O desperdício da verba para a saúde não é causado só pela corrupção", disse Balestrin, referindo-se à primeira mesa do fórum, em que Pedro Ramos, diretor da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), citou a máfia das próteses durante o debate.
O envelhecimento da população, o aumento de doenças degenerativas e a crise macroeconômica foram citados pelo representante dos hospitais privados, ao afirmar que os custos das instituições hospitalares tiveram um aumento de 13%.
Esse panorama deve ser encarado com um tipo de assistência em saúde que Eudes Aquino, presidente da Unimed Brasil, chama de "horizontalizada", baseada em promoção de saúde, prevenção de doenças, recuperação e reabilitação.
Ele também defendeu as parcerias público-privadas como um dos caminhos para melhorar o atendimento à saúde. "A medicina privada não pode ser o muro das lamentações do insucesso do plano de saúde nacional".
Os três participantes da mesa apontaram as parcerias como um caminho para o futuro da medicina privada.
"Nós do setor privado, sob a liderança ou com a colaboração da ANS, precisamos buscar ações estruturais para criar um novo modelo de gestão", disse Balestrin.
Fonte: Folha de São Paulo/ 12.05.2015
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