Planos de
Saúde : a bola da vez !
Os meios de
comunicação divulgaram recentemente reclamações generalizadas contra os planos
de saúde. Pesquisa da
Associação Paulista de Medicina constatou que 96% dos usuários de planos de
saúde do estado de São Paulo tiveram dificuldade para usar o serviço. Demora em marcar consultas e exames, longa espera
em pronto atendimento, falta de hospitais para a internação, demora para a
aprovação de cirurgias são as principais queixas.
A divulgação dessa pesquisa coincide com uma
discussão sobre os índices de aumento dos planos e até a atuação da ANS Agência
Nacional de Saúde foi questionada pela Ministra Carmen Lúcia, ao propor
controle mais adequados às regras de coparticipação nos planos de saúde. Ficou
tão confusa a proposta da ANS referente ao limite da coparticipação e franquia
que a mesma foi retirada.
O diálogo entre o Sistema de Saúde Suplementar e a
comunidade, sempre foi enviesado e nem todas informações chegam a população. A
diferença entre os índices de inflação geral e a inflação saúde, por exemplo,
no último ano foi de mais de 100%: enquanto o IPCA apontava para uma taxa de
6,28% a inflação saúde, no mesmo período era 12,8%. A culpa não é do aumento
dos planos de saúde, mas sim do aumento do custo dos insumos e utilização dos
recursos de saúde existentes para oferecer ao beneficiário.
Envelhecimento da população associado à
longevidade, surgimento de novas tecnologias e medicamentos, judicialização do
setor, estes e outros fatores fazem crescer estes custos sem que a receita das
operadoras e das cooperativas médicas aumentem proporcionalmente. A análise
contábil das Cooperativas médicas demonstrará que não há margem de lucro ou
quando existem são exíguas, não ultrapassando 1 ou 2 %; justifica-se a
existência das mesmas para oferecer mercado de trabalho aos profissionais da
área.
É preciso desmistificar que as operadoras e as
Cooperativas médicas tenham altos ganhos com o sistema e que a ANS – Agência
Nacional de Saúde faz o jogo das cooperativas médicas: ao contrário: disciplina
com rigor um setor que é altamente conturbado. O atendimento à saúde no Brasil é
peculiar: aportes públicos são menores do que os da iniciativa privada, ainda
que os primeiros se prestem a atender toda a população e os segundos se
destinem a arcar com as despesas dos participantes dos planos privados, que
atendem cerca de 50 milhões de pessoas.
Em
2013, as despesas totais do Brasil com saúde foram de R$ 450 bilhões, ou 9,2%
do PIB. “Entre as dez maiores economias do mundo, só no Brasil a despesa
privada é maior que a pública”, observa Francisco Balestrin, presidente da
Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp). Do gasto total do país com a
demanda, 44% vieram da saúde pública e 56% do setor privado — este último
composto pelos gastos com saúde suplementar e também consultas, exames,
pequenos procedimentos e medicamentos pagos pelo cidadão. Já a despesa per capita
com a saúde é bem maior no setor privado que público: R$ 2.189 ante R$ 980
(Anahp).
Os resultados obtidos pela pesquisa não podem ser
extrapolados para todo o Pais; instituições idôneas revelam acima de 90 % de
satisfação em relação ao plano de saúde em nossa região e em outras. Planos de
saúde, beneficiários e a ANS têm uma relação complicada: a agência inclui sempre
novos procedimentos no rol dos planos de saúde; o valor pago pelo beneficiário,
muitas vezes é fixo; os pacientes ficam com um crédito para usar o plano; se os
ajustes não forem proporcionais à essas demandas e não existirem mecanismos de
regulação , como é o caso da coparticipação, o sistema entrará rapidamente em
falência o que já vêm ocorrendo em algumas praças. Aí a população deverá contar
apenas com o atendimento do SUS.É uma opção viável?
Omar G Taha
Médico, 59 anos, presidente da Unimed Londrina, MBA
em gestão em saúde pela FGV; especialização em Saúde Pública pela FIOCRUZ e
pelo CHA – Cambridge Healthcare Alliance , MA
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