sábado, 21 de agosto de 2010

Ensine Menos e Aprenda Mais !


* este artigo foi publicado no site da HSM e apresenta uma reflexão tão boa sobre a questão educação nos tempos atuais que resolvi reproduzir aqui.É bom ler e refletir sobre o que esta acontecendo nas escolas e sobre quem de fato esta ensinando e aprendendo , dentro destes novos paradigmas. (OGT)  


Em tempos em que a fonte do conhecimento passou a ser a internet e não mais o professor, Gil Giardeli traz uma reflexão sobre as mídias sociais e o futuro da educação no País. Veja mais! O pensador Mark Prensky disse: “A fonte do conhecimento não é mais o professor, mas a internet. A educação mais útil para o futuro não está acontecendo na escola. Está acontecendo depois da escola, especialmente em clubes de robótica e na internet como um todo – está acontecendo nos games.”

Dito isso, vivemos o fim de salas de aulas com espaços geográficos definidos e aulas cronometradas? Como a escola supera o tempo e o espaço, em um mundo imediatista? Como prepararemos as pessoas, para um mundo onde as profissões mudam radicalmente a cada cinco anos? O formato atual da escola ajuda a escolher o futuro de promissores alunos?



Não é a hora de cidadãos globais e conectados encontrarem a educação progressista? “As escolas deveriam ser lugares para se aprender, e não para se ensinar. Em vez de isolar os estudantes, as escolas deveriam encorajá-los a colaborar”, escreveu Don Tapscott no livro “A hora da geração digital”

O educador Jeffery Bannister alfinetou sobre os modelos de educação seculares: “Professores que leem anotações manuscritas e escrevem em quadros negros, assim como alunos que anotam o que eles dizem. Esse é um modelo pré-Gutenberg.”



Eric Mazur da Universidade de Harvard afirma: “Educação é muito mais do que mera transferência de informação. A informação precisa ser assimilada. Os alunos têm de conectar a informação ao que já sabem, desenvolver modelos mentais, aprender a aplicar o novo conhecimento e adaptá-lo a situações novas e desconhecidas.”



Recentemente fui convidado para palestrar para 300 educadores do Grupo “Salesianas” um grupo que reúne dezenas de escolas no Brasil. Administrado por irmãs católicas, que acreditam na educação como grande motor para o futuro.



A educadora Irmã Raquel, abriu o evento e fez um rico paralelo com o livro “Modernidade Liquida” de Zygmunt Bauman, proclamando ”Vivemos um tempo que exige repensarmos velhos conceitos. Dar novas formas ou enterrá-los.” Irmã Raquel, convocou suas amáveis educadoras para dar autonomia, ou seja, independência moral e intelectual para os alunos. Para ensinar que alunos devem desde cedo entender o ato de governar a si mesmo, por meio da autonomia do pensar.



“Professores devem ajudar o outro (aluno) a ser autônomo e Genial.. O professor deve ensinar o que significa coletivo e comunidade – em um mundo onde a individualização reina. Ensinar que a tolerância é tolerar o intolerável – em um mundo onde pessoas morrem pela sua opção sexual, religiosa ou politica. (Irã, Afeganistão e Cuba). Ensinar valores inegociáveis neste mundo, como ética, amor ao próximo, gosto pelo inovar e o pioneirismo.” Esta foi a fala da educadora.



Após ricas discussões, sai de lá com vários questionamentos. Acabou a fase, da aula cronometrada em espaços concretos. O espaço escolar, espalha-se pelo blog do professor, Facebook, Orkut, Twitter, redes sociais dos protagonistas da educação?



Educador e alunos definindo o que é periférico e importante?



E para colocar mais pimenta nesta encruzilhada, não contávamos com as rápidas vias digitais. “No século 21, redes de banda larga serão tão cruciais para a prosperidade econômica e social quanto as redes de transporte, água e eletricidade” disse Hamadoun Touré, secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações (ITU).



“Conectar regiões rurais remotas à internet e à telefonia móvel, ajudando a libertar os camponeses que vivem da agricultura de subsistência, anteriormente presos ao conhecimento local e aos mercados locais. São novos estudantes, com ensinamentos seculares e locais! Fica claro, que a escola precisa de uma reforma. Ser interativa! Coletiva! Em rede! “Banda largueada”. Como será ensinar para alunos conectados na rede com bandas gigantescas, trocando arquivos, experiências e percepções?



Uma era, onde a simples troca de informação é um motor de grandes mudanças Vivemos o choque entre a era do “seu diploma tem prazo de curta validade” com a pedagogia da era industrial? Do aprendizado em massa à interatividade? Do aprendizado individual ao colaborativo? Da padronização à personalização?



Somente juntos conseguiremos avançar as fronteiras do conhecimento individual para a mentalidade coletiva, saltar para o software da sabedoria das multidões. Vivemos um sopro renovador. São tempos de transição, vamos aprender o “pacifismo, a bondade, o perdão, o amor, a filantropia, a honestidade e a ternura”. No século XXI na era digital precisamos de humanos magnânimos, progressistas, talentosos, sensatos e probos.* Vivemos uma nova música global e como disse Nietzsche “aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a musica.“ Não use velhos mapas para descobrir novas terras! Boa viagem!



Gil Giardelli (Ceo da Gaia Creative, onde implementa ações de redes sociais e web colaborativa para empresas como BMW, Hospital Einstein, Mini Cooper, Grupo Cruzeiro do Sul entre outras. Professor de MBA e Pós graduação da ESPM – São Paulo e Brasília)



*Inspirado no artigo “A libertação no mundo por meio da banda larga” e nos livros “A hora da geração digital” e “Gestação da Terra”.

Fonte:

http://br.hsmglobal.com/notas/58817-ensine-menos-e-aprenda-mais?utm_source=news_digital_200810&utm_medium=news_digital_200810&utm_content=news_digital_200810_ensine-menos-e-aprenda-mais&utm_campaign=news_digital_200810

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ANS divulga melhores operadoras do País

(mas o atendimento à saúde e o salário dos médicos não melhora)

Apenas 23 (2,3%) das 989 operadoras de saúde que atuam na área médico hospitalar conseguiram notas na faixa mais alta da avaliação de desempenho divulgada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
As notas , chamadas de IDSS ( Índice de Desempenho  da Saúde Suplementar) variam de 0 e 1 e avaliam o desempenho das operadoras de planos de saúde no Brasil baseado em quatro critérios: atenção à saúde, estrutura e operação, equilíbrio econômico-financeiro e satisfação do beneficiário.

Segundo a ANS esta avaliação tem o objetivo de melhorar a qualidade da prestação de serviços por parte das operadoras e garantir o equilíbrio do mercado. O IDSS poderá desta forma, servir ao usuário como instrumento de consulta prévia para os que desejam adquirir ou trocar de plano de saúde.

Dentre os critérios de avaliação de desempenho, a atenção à saúde é o que tem mais peso (50%) . O equilíbrio econômico-financeiro aparece em segundo lugar (30%), seguido dos itens estrutura e operação (10%) e satisfação do beneficiário (10%).

Em termos numéricos as operadoras da faixa "top" representam 16% dos 41,6 milhões de usuáriosde planos de saúde no País.Já as mal avaliadas têm uma quantidade menor de clientes.São 392 na faixa das piores notas (entre 0 e 0,39), que representam 11,3% dos usuários.

A maioria das operadoras ainda podem ser consideradas medianas (35,2%) : obtiveram notas entre 0,4 e 0,59. Representam cerca de 30 % dos usuários.

Outras 226 operadoras (22,9%) tiveram notas entre 0,6 e 0,79 ; representam a maioria dos usuários : 18 milhões de pessoas , ou 43% do total de segurados vinculados às operadoras ativas. O ranking divulgado pela ANS demonstra também que apenas três das maiores operadoras do País estão entre as mais bem avaliadas - Bradesco , Amil e Unimed.

Apesar desta divulgação ter sido muito bem recebida pelas operadoras que têm as notas mais altas , as críticas em relação ao setor são muito contundentes. As operadoras queixam-se das normas da ANS, consideradas cada vez mais draconianas e que engessam a atuação das mesmas deixando exasperados os gestores diante do acúmulo de exigências para o setor.

Por outro lado o IDEC ( Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) reitera que o setor dos planos de saúde é um dos que apresentam maior volume de queixas dos usuários. Segundo a advogada Karina Grou , o índice têm problemas e não avalia, de fato a qualidade dos serviços prestados. Segundo a advogada o IDEC vêm acompanhando atentamente o setor e "continua observando a gravidade do setor, não só na negativa de cobertura , mas também na piora da qualidade do atendimento".Segundo a advogada o item "respeito ao consumidor é apenas um grão de areia para a ANS chegar a estes resultados".

E por fim , temos os médicos e outros prestadores de serviços às operadoras que vêem seus salários e honorários cada vez mais achatados, sem perspectivas de realinhamento, até porque falta união e articulação aos profissionais, no sentido de cobrar melhor remuneração às operadoras.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O Futuro da Universidade

Qual será o modelo de ensino aplicado às Universidades nos próximos 10 anos? A partir deste questionamento professores da Unesp (Universidade Estadual Paulista) promoveram o 1º Ciclo de Debates “A Universidade Pública Brasileira no Decorrer do Próximo Decênio” no campus da Barra funda em São Paulo.


As conclusões não são tão surpreendentes: programas de cooperação com outros países serão mais freqüentes, boa parte dos cursos será oferecido à distância, alunos de graduação terão formação cada vez mais interdisciplinar, dentre outras.

Participaram das discussões professores com grande experiência no tema como o vice-reitor da Unesp Julio Cezar Durigan , os professores Olgária Matos, da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Luiz Antonio Constant Rodrigues da Cunha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Gerhard Malnic (USP), Naomar Monteiro de Almeida Filho, reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Hélio Nogueira da Cruz (USP) e Marco Aurélio Nogueira (Unesp). Abriram a sessão o reitor da Unesp, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, e o secretário de Ensino Superior do Estado de São Paulo, Carlos Vogt.

“O evento foi extremamente produtivo e cumpriu o objetivo de trazer visões de especialistas de outras instituições para contribuir com o debate”, disse Durigan, que preside a Comissão Permanente de Gestão do Plano de Desenvolvimento Institucional da Unesp.

Uma das tendências mais destacadas no encontro foi a interdisciplinaridade. Almeida Filho falou sobre a experiência da Universidade de Bolonha, na Itália, na qual os graduandos têm uma formação genérica nos três primeiros anos e escolhem uma carreira específica, fazendo um curso de mais dois anos. “Na primeira fase, o estudante já obtém o diploma de graduação, e, após os dois anos de especialização, sai com o título de mestrado”, disse Durigan. No entanto, segundo ele, há vários obstáculos para que esse modelo seja adotado no Brasil, como, por exemplo, a falta de reconhecimento desse tipo de pós-graduação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Os problemas também são de ordem prática. “Se um estudante de engenharia, por exemplo, quiser cursar disciplinas em ciências sociais, ele terá dificuldades. Por isso, precisamos facilitar o acesso dos alunos a outras áreas”, afirmou.

O intercâmbio com instituições de outros países foi outro ponto abordado no evento e tido como fundamental para o desenvolvimento da pesquisa brasileira e para o aumento de sua visibilidade no mundo. Um importante obstáculo nesse caso é o idioma.

“Enviamos muitos alunos para intercâmbios em Portugal e na Espanha, por exemplo, mas isso não ocorre com a mesma intensidade com a Alemanha, China e Coreia do Sul”, disse Durigan, destacando que há muitos pesquisadores de outros países que desejam trabalhar com brasileiros.

Para contornar o problema, a Unesp está diversificando os cursos de línguas que são disponibilizados aos alunos, como o curso de mandarim, ensinado em cinco unidades da universidade.

As universidades paulistas também investem no aprofundamento de intercâmbios com instituições para a dupla titulação, em que o aluno faz parte de seu curso no Brasil e parte no exterior e, na conclusão, obtém um diploma reconhecido pelos dois países.

Mais tempo para pesquisa

A universidade da próxima década também terá forte infraestrutura de tecnologias da informação e da comunicação (TIC), segundo os presentes no debate, uma vez que boa parte de sua função educacional deverá ser cumprida a distância.

O ensino a distância é capaz de atender mais pessoas e apresentar qualidade igual ou até superior à modalidade presencial, de acordo com o vice-reitor da Unesp. As TIC também serão uma ferramenta importante nas aulas presenciais. Os docentes deverão manter sites a fim de fornecer os conteúdos que serão abordados em sala de aula.

“Estudos mostram que o aproveitamento do estudante está muito relacionado à disponibilização de material antes da aula, para que ele possa se preparar para o encontro com o professor”, disse Durigan.

Outra previsão é que as novas tecnologias deverão proporcionar mais tempo para o docente se dedicar aos trabalhos de pesquisa e de extensão. Já os serviços de extensão das universidades estarão cada vez mais relacionados com projetos de inovação.

A informática será ferramenta fundamental também na gestão das universidades. “Por estar espalhada por todo o Estado de São Paulo, a Unesp, por exemplo, tem uma logística complexa. Temos que contornar essa questão com a ampliação das ferramentas de comunicação e informação”, disse Durigan.

A criação de planos de desenvolvimento institucionais foi apontada como alternativa para o problema da falta de continuidade de projetos nas universidades.

Durigan explica que a existência do Plano de Desenvolvimento Institucional da Unesp impede gestões personalistas em que programas iniciados em outras gestões são abandonados ou descontinuados por novas administrações.

“Pretendemos agora organizar outros debates e visitar as unidades da Unesp para que cada uma desenvolva o seu plano”, disse Durigan.

Baseado em artigo publicado por Fábio Reynol no Boletim da Agência FAPESP

http://www.agencia.fapesp.br/materia/12623/universidades-no-futuro.htm

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